Diante da escalada de violência que assombra a população de Pernambuco, a Bancada de Oposição da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) repudia as declarações do governador Paulo Câmara sobre como as mulheres devem se comportar para evitarem ser estupradas. Baseadas em dicas recém-divulgadas pela Polícia Militar do Estado, as sugestões variam entre indicar que se mantenha a vida pessoal em sigilo, procurem andar acompanhadas e consumir bebidas alcoólicas. Como se isso fosse sempre possível e demonstrando desconhecimento de que a maior parte dos agressores é formada por indivíduos do convívio da vítima.
“Num contexto de colapso do Pacto pela Cida, as declarações do governador repassam para as vítimas a obrigação de se proteger e têm caráter extremamente machista, sugerindo ser o comportamento das vítimas o responsável pelos crimes contra a mulher”, ressaltou o deputado Silvio Costa Filho (PRB), líder da Bancada.
Segundo o parlamentar, é preferível que o governo apresente e coloque em prática as medidas de enfrentamento do problema, em vez de indicar que as mulheres sejam recatadas, bebam menos ou evitem se expor em redes sociais, por exemplo. Silvio ainda questionou a quantidade precisa de ocorrências de estupros registrados em Pernambuco em 2016.
“Recebemos a informação que a Secretaria de Defesa Social teria contabilizado a terrível marca de 1.146 casos somente no primeiro semestre deste ano. Lamentavelmente, ela não deve representar a real totalidade de vítimas, já que sabemos da subnotificação provocada por questões como vergonha, medo, dependência emocional e/ou financeira e até descrédito na punição. Agora, considerando até o mês de agosto, a SDS divulgou que seriam 965 vítimas, o que continua sendo uma quantidade assustadora, com uma média de quatro estupros por dia”, ponderou Silvio.
O líder da Bancada da Oposição ressalta a necessidade cada vez maior e urgente de rediscutir o programa de combate à violência em Pernambuco. “É impressionante a postura negligente da gestão na atual conjuntura do Estado. É preciso agir com firmeza, puxar a responsabilidade do combate à criminalidade para si e dialogar com todos os setores da sociedade para reagir de forma contundente quando qualquer cidadão for atacado”, completou.
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